Eu em 2018 começando tudo ainda
Se alguém me perguntasse, lá em 2017, qual era meu maior sonho, eu responderia sem pensar: “trabalhar pra mim mesmo”.
E talvez você se identifique. Poder fazer o próprio horário, não ter chefe, decidir onde e como trabalhar, ganhar mais — tudo isso soa maravilhoso, e de fato tem seu valor. Mas o que quase ninguém te conta é que trabalhar pra si mesmo é um sonho que exige maturidade emocional.
Porque a liberdade que tanto encantava o funcionário CLT vira responsabilidade quando você é o patrão.
Ninguém vai te obrigar a sair da cama, ninguém vai te cobrar entrega, ninguém vai te dar feedback. E isso, que parece libertador, é também o que mais adoece quem está começando.
Trabalhar pra si mesmo é um desafio silencioso, que te coloca diariamente frente a frente com a sua própria disciplina — ou a falta dela.
No começo, a empolgação segura. A ideia de empreender te faz acordar animado, pesquisar, aprender, postar. Você sente que está construindo algo grande, e de fato está.
Mas o tempo passa. Os resultados demoram. E é aí que a primeira grande trava aparece: você percebe que a única pessoa te cobrando resultados… é você mesmo.
E vamos ser sinceros: a gente não é tão duro com a gente como seria com um chefe. A gente perdoa os atrasos, justifica a distração,diminui o ritmo porque “a cabeça está cheia”. E quando vê, passou mais um mês sem grandes entregas.
Quando você trabalha pra si mesmo, você é CEO e funcionário ao mesmo tempo, e tem dias que o CEO está cansado, tem dias que o funcionário está desmotivado. E quem resolve isso? Ninguém. Só você.
As pessoas falam muito sobre gestão de equipe, gestão de projetos, gestão de redes sociais… mas ninguém fala sobre gestão de si mesmo, e é isso que separa quem sobrevive do lado de cá.
Acordar, comer, se organizar, priorizar, executar, revisar. Todos esses passos dependem de você. Se você não domina pelo menos o básico de rotina e clareza de foco, você se perde dentro do seu próprio negócio.
E olha, nem é por preguiça, viu?
É por excesso. Excesso de possibilidades, de ideias, de cursos, de distrações. A mente de quem empreende está sempre em modo ativo.
Mas produtividade não é estar em movimento — é mover-se na direção certa.
Liberdade sem rotina vira prisão
Demorei pra entender isso.
Por muito tempo, associei “liberdade” a fazer o que eu quisesse, na hora que quisesse. E isso me custou semanas inteiras de baixa performance, ansiedade, sentimento de improdutividade.
A real é que a rotina é o que sustenta a liberdade, só quando você tem estrutura, você tem tempo de verdade.
Hoje, meus horários são rígidos.
Tenho hora pra acordar, treinar, gravar, atender, descansar. Isso me dá paz, não prisão. E é o que sustenta meus resultados. Parece contraditório, mas liberdade só existe com disciplina.
Quando você trabalha pra si mesmo, você não vende um produto. Você vende sua energia, seu conhecimento, sua capacidade de entregar. E se você não estiver bem, tudo para.
É por isso que empreendedores que ignoram autocuidado quebram, e quebram feio. Não é sobre acordar 5h da manhã, tomar banho gelado ou ler 50 livros por ano. É sobre se manter inteiro, saudável, lúcido, com clareza mental pra tomar boas decisões.
Seu negócio depende de você mais do que você imagina. Então cuide-se como se você fosse o ativo mais valioso do que está construindo — porque é exatamente isso que você é.
Outro ponto que pouca gente fala: empreender é solitário.
Mesmo que você tenha clientes, audiência, seguidores… tem decisões que só você pode tomar, e não ter alguém pra compartilhar essas dores torna o processo ainda mais pesado.
Às vezes você tá cansado, com dúvidas, mas não tem ninguém “acima” pra pedir ajuda.
Não tem time, não tem líder. Você é o seu próprio suporte, e isso é um desafio psicológico diário.
Por isso, busque rede de apoio. Mentorias, comunidades, terapia, grupos de troca.
Você não precisa (e nem deve) caminhar completamente sozinho. Mas entenda que no final do dia, é sempre você por você.
Talvez o maior desafio mesmo de trabalhar pra si não seja a rotina, nem a grana, nem a pressão.
Talvez seja continuar mesmo quando ninguém está vendo.
Postar mesmo com poucas visualizações, gravar mesmo com poucas vendas, estudar mesmo sem aplauso, entregar mesmo quando ninguém elogia.
Porque o trabalho de quem constrói algo verdadeiro não é barulhento. É repetitivo, silencioso, consistente. É o que acontece quando você fecha o navegador, desliga o celular e senta pra resolver as coisas importantes, mesmo que ninguém esteja assistindo.
Se você está aí do outro lado, construindo algo, mesmo sem certezas, mesmo sem apoio, mesmo no meio da bagunça, saiba: você não está sozinho. Tá todo mundo lutando contra o mesmo inimigo invisível — a desistência antes da hora.
Trabalhar pra si é, acima de tudo, trabalhar sobre si.
Aprender a se organizar, se cobrar, se cuidar e seguir, mesmo sem garantias.
Se eu puder te deixar com uma única mensagem hoje, seria essa:
Você não precisa ser perfeito. Só precisa continuar.
A gente se vê na próxima.
Lucas